Nove letras...

Um ano depois, as nove letrinhas mantêm-se. R-e-m-o-i-n-h-o-s.

Inverno

Não me lembro de um Inverno assim.

Iraque

A cada dia que passa, o preço do petróleo dispara por causa da instabilidade vivida no Iraque e somos nós - nós como quem diz, todos nós, portugueses, espanhóis, franceses e afins - que sente a instabilidade no bolso, porque o presidente americano assobia para o ar. O problema de Bush sempre foi ver muitos filmes de cowboys e provavelmente pensar que é o John Wayne dos tempos modernos. Pensou que invadia um país, corria aqueles gajos todos e instaurava a democracia como quem espeta uma bandeira na terra. Se eu fosse americano votava John Kerry.

Engenhos explosivos

Ainda bem que a temperatura desceu e o fogo amansou, caso contrário o país continuaria mergulhado num inferno de Norte a Sul. Na semana passada, viajei até ao campo e verifiquei como estão degradadas as nossas florestas, onde abunda lixo e outras substâncias altamente inflamáveis, que colocam em causa a saúde do meio ambiente.

Há anos, quando percorria a mesma estrada, o verde das árvores era bem mais verde do que se verifica hoje em dia e a paisagem era mesmo uma mistura de verde com verde, enquanto, agora, é perceptível o castanho ou o cinzento de metros e metros de vegetação consumida pelas chamas. É como se fosse uma ferida a espreitar o horizonte ou um buraco negro a denunciar a morte em cada esquina.

Nesta minha viagem ao campo, conversei com um popular que me explicou que as matas eram sítios bem mais limpos do que são hoje. As pessoas preocupavam-se em varrer as matérias consideradas inflamáveis e mesmo as giestas secas eram removidas para evitar a propagação mais rápida das chamas em caso de incêndio. Agora, não é o caso. Ou por falta de tempo ou por outros motivos que a própria razão desconhece.

Mais espantado fiquei quando o mesmo sujeito me relatou um episódio de fogo posto. Um engenho com fósforos, cigarros e álcool foi descoberto numa floresta vizinha que na semana anterior tinha sido devorada pelas labaredas. Foram os populares que encontraram o tal objecto, mas desconhece-se se as autoridades estão a investigar o caso. É grave. Como também são graves as histórias de madeireiros que provocam incêndios para o preço da madeira ser mais barato; como também é grave a falta de cuidado nas matas; como ainda é mais grave a loucura capaz de levar alguém a provocar um incêndio só pelo triste princípio do espectáculo.

Literatura pimba

Em mais uma visita à FNAC, apercebi-me que o número de escritores com obra feita está a aumentar. Há mais livros para escolher, a variedade é bem maior, mas isso não é uma boa notícia. Infelizmente, qualquer um é capaz de fazer uma obra nos tempos que correm e colocá-la numa livraria de um centro comercial. Qualquer um. É como gravar um disco ou coisa do género. A diversidade nem sempre significa qualidade. Neste caso, está longe de significar qualidade. Na literatura assiste-se a um fenómeno muito semelhante ao da música. Há muita literatura pimba, isto é, há muitos livros de qualidade duvidosa em que as histórias pecam por conteúdo e a escrita por primor.

A não perder...

... a feira medieval a decorrer em Santa Maria da Feira. Por momentos uma viagem ao passado, ao mundo das trevas, mas também ao mundo da magia. Há teatro de rua e muito mais. Vale a pena a viagem.

Portugueses

Os portugueses usam (e abusam) dos créditos. Já não basta a mensalidade da casa e do automóvel para apertar o coração na hora de contar todos os tostões. De acordo com uma reportagem difundida pela RTP, há cada vez mais pessoas a contrair empréstimos junto dos bancos para gozar férias fora do país. Depois a corda prende-se ao pescoço, as queixas aumentam e viver é um sufoco num quarto pequeno e com pouco oxigénio. Governar mal não é só apanágio do Governo.