sábado, outubro 30, 2004

Continua o mesmo...

... "tomate a apodrecer no frigorífico!"

Como é possível, isso?
Quem mo deita fora?

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  • terça-feira, outubro 26, 2004

    Crónica de Um Caso Vulgar

    A QUEDA

    Mulher já bem na casa dos quarenta – aristocrata em decadência - vivia na mansão herdada de seus pais, casarão que denunciava o crepúsculo de períodos áureos.

    Sem sentimentos de vergonha, não abdicava do uso quotidiano das valiosas jóias de família, das quais nunca se desfizera, apesar da constante pressão que o marido exercia sobre ela, atormentando-a sem piedade.

    “Não pagas o ordenado à Adelaide há mais de oito meses. Não tarda, ela vai-se embora. Ficas tu a fazer o serviço da casa?"

    "Estás caduca, mulher! És uma aleijada e estás a ficar louca!
    Sempre a ouvir as mesmas óperas, sempre fechada em casa, sempre a espiar os meus mais pequenos passos. Não sei quem te pode aturar… Um dia isto muda, e então quero ver o que vai acontecer…”


    Com menos quinze anos do que ela, de condição social inferior, não tinha profissão ou rendimentos pessoais. Um homem em total dependência económica, o seu marido.
    Firmou-se, ele, naquele casamento por conveniência, depois do irremediável acidente de caça que vitimara aquela mulher, de tão alta estirpe quanto alta ingenuidade.
    Os dois tinham o fervor da caça. Tinha sido a caça o primeiro vínculo entre eles e o melhor pretexto para Carlos fisgar Mariana.

    De um romantismo patético e temperamental, permitiu-se ao fascínio que ele exercia sobre ela, usando da sua irresistível beleza. Era o homem mais belo que ela conhecera e de uma arte sedutora estonteante. Foi-se deixando amarrar, amarrar, até à rendição total. Nem do seu carácter rude, disfarçado com astúcia, ela suspeitou, algum dia.

    A rígida educação aplicada a Mariana, não admitia a ideia de um divórcio.
    A sociedade é implacável! Este conceito que a constrangia perante a hipótese de um desquite, amordaçava-a para o mundo. Essa era a razão da sua determinação em suportar até ao limite, aquele nó cego e labiríntico.

    Aparentava ignorar o evidente caos financeiro que a cercava, agravado com o passar dos dias, não abdicando das mordomias básicas a que fora habituada. Despedir a criada, nunca! E por isso ía mantendo Adelaide naquela casa.

    Enclausurava-se no seu quarto por longos períodos do dia, observando pela janela que dava sobre o alpendre da larga alameda de acesso à entrada principal, ao descarado e injurioso caso de adultério entre o marido e a criada.

    Desesperavam-na aquelas cenas de jogos de provocação reles, que revelavam um enorme despudor, e lhe causavam uma imensa repugnância, já sem sentir qualquer ponta de ciúme.

    “Um dia isto muda… quero ver o que te vai acontecer”, repetia Carlos sucessivas vezes, dominando-a pelo medo que sentia crescer dentro dela.

    O mesmo pesadelo ensombrava o seu sono todas as noites.
    A visão do marido nu - que corpo belo, aquele - enrolado com a criada meio despida, deitados sobre o arca de cânfora ao fundo do corredor, em práticas de sexo que considerava uma obscenidade. Carlos e Adelaide tinham relações sexuais, sob o seu próprio olhar.

    Às refeições, cada um sentado às cabeceiras opostas da mesa de doze lugares, Mariana não conseguia conter a exaltação de uma raiva crescente, quando Adelaide, fardada a preceito por exigência da patroa, se roçava com lascívia em Carlos, ao servir-lhe as duas conchas de sopa, em prato de porcelana francesa.

    Dissimulada, Adelaide fazia uma cara matreira e desculpava-se perante a patroa da sua falsa distracção, usando a sua voz mais cínica num comentário sempre repetido.
    “Não foi de propósito, esta concha de prata é tão pesada... escorrega-me sempre das mãos…”
    Carlos torcia-se, então, de riso insolente, e Mariana abandonava a sala de jantar em angústia sufocante, fechando-se à chave no salão de música, aonde ficava a ouvir óperas em alto som, até o esgotamento daquele aperto a vencer.

    Durante os seus solitários passeios diários pela quinta, cada vez mais em descalabro, não deixava nunca de fazer o seu exercício de prática de tiro ao alvo, num casinhoto a cair de podre nos fundos do jardim, outrora repleto de buchos a emoldurar canteiros cobertos das mais diversas e exóticas flores.

    Mariana era, ainda, uma atiradora de primeira, com uma pontaria certeira e infalível. Talvez mesmo... uma mulher de pontaria perigosa...

    (segue)

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  • quinta-feira, outubro 21, 2004

    Dar tempo ao tempo...

    O nosso Remoinhos por vezes anda aos solavancos. Pode parecer um motor gripado, mas não é o caso.
    Há fases de bonança e outras de alguma tempestade. Falo por mim, é evidente.

    Logo que me entenda com a Teresa que virou Mariana, voltará a botar corpo, o meu “folhetim”.

    E siga o baile… não é assim, parceiro???


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  • quarta-feira, outubro 20, 2004

    ...

    Com a chuva a cair lá fora, não sei muito bem o que vou escrever. Hoje, acho que fico por aqui. Saudações.

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  • segunda-feira, outubro 18, 2004

    Então não querem lá ver...

    Estou num impasse com o prosseguimento do meu "folhetim."
    E não é que ontem vi a malvada da Teresa...! Fiz-lhe vista grossa... Não a suporto!
    O poder da mente!

    Quem me ajuda?

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  • sexta-feira, outubro 15, 2004

    Felicidade

    Tive um final de noite de grande felicidade. A «culpa» também é tua...

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  • quinta-feira, outubro 14, 2004

    Torcer

    Minha querida, estou a torcer tanto por ti, que estou a ficar com a roupa encorrilhada. De caminho, terei de dar a roupa a ferro. Vê lá tu a minha sina...

    PS: Ontem, quando liguei, já era tarde de mais. Mas estamos em contacto telepático. Como sempre...

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  • terça-feira, outubro 12, 2004

    Água

    Ontem à noite voltei a beber a tua água...

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  • segunda-feira, outubro 11, 2004

    Crónica de Um Caso Vulgar

    III

    Saiu, sem pressas, do seu gabinete de trabalho, no vazio ritmo do hábito, deixando a sua secretária meticulosamente arrumada e limpa.
    Olhou o relógio de parede antigo e sem estilo, em harmonia com o do próprio mobiliário incaractarístico. Passavam dezoito minutos das seis da tarde. Confirmou as horas no seu próprio relógio de pulso. Certas. Sempre certas, as horas.
    No comboio que a transportava aos arredores da cidade, olhou a paisagem corrida que a janela lhe oferecia. Campos e casas distantes a fugir… a fugir…
    Já perto de casa lembrou-se de comprar alguma fruta. Os seus jantares eram frugais.
    Depois, o fim do dia igual a todos os outros, sem projectos, sem fitos, sem futuro.
    Sentada, de esguelha num sofá modesto, comia qualquer coisa que nem saboreava, ao mesmo tempo que assistia à novela da TV, sem lhe prestar atenção, apenas para ouvir vozes na ilusão de uma companhia.
    Cigarro após cigarro era levada a memórias recuadas, mas precisas, que lhe motivavam um sorriso reprimido e um revirar de olhos com tremor. Não conseguia esquecer aquela imagem. Rodopiava nos braços de Miguel, pendurada no seu pescoço, esfuziante no seu vestido claro e leve, cuja saia esvoaçava com o vento e ia descobrindo as suas esbeltas pernas.
    Saltava então do sofá e preparava tudo para o dia seguinte com todo o rigor. Nada ficava ao acaso. Tudo arranjado ao mínimo detalhe.
    Necessitava de dormir. Dormir profundamente e muito, até à eternidade, se possível.

    A ravina, o alto rochedo escarpado, o mar selvagem, chamavam-na irresistivelmente. Bastaria o pulo da coragem. Que consumição…


    “Não vais usar mais calças. Só saias, e que tapem o joelho”.
    Mas ela já não tinha saias, deixara de as usar há tanto tempo.
    Não gostava que lhe impusessem normas. Sentia-se desconfortável vestida de saias. Não se movimentava com a mesma agilidade e ficava muito menos elegante.

    “Saias e longas, reafirmou”
    Sentiu-se irritada ainda mais.
    O que pensará ele das mulheres que preferem um traje mais prático, como um par de calças. Menos femininas, menos mulheres, menos… fêmeas…?
    Não era bem isso.
    Machismo. Puro machismo. Banalidades de um conservador.
    Paulo era um homem machista e de um grotesco conservadorismo.


    Num repente, largou tudo e foi ocupar-se da sua palmeirinha mexicana. Limpou-a das minúsculas ervas daninhas que já começavam a romper, aparou as franjas amarelecidas, regou-a com a medida exacta de água, verificou o grau de humidade na terra e rodou o vaso em direcção ao Sol para que o tronco ficasse cada vez mais vertical.
    Minúcias típicas de uma essência exigente e insatisfeita.

    Vertical. Verticalidade… Sentiu um forte estremeção.

    “Não vais usar mais calças. Só saias e que tapem o joelho. Saias longas, bem compridas!”

    O pacto fora selado. Pois bem; calças… não.

    Pois bem; Teresa, também não. Mariana!

    (segue)

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  • sábado, outubro 09, 2004

    Crónica de Um Caso Vulgar

    II

    “Pensei dar a esta personagem o nome Teresa. Vês algum inconveniente?” Teresa? Um sobressalto toldou-lhe a mente. Afinal, Teresa era o nome da mulher que se envolvera com o seu marido e por quem este se apaixonara irreflectidamente.
    De uma beleza incrível, essa mulher tinha-se servido de Alberto como fácil engodo para ludibriar a sociedade e a família, das suas opções sexuais. Teresa era lésbica. Alberto não o sabia. Conheciam-se deste muito jovens. Alberto tinha fisgada a ideia de a possuir por um dia que fosse, o que nunca chegou a acontecer. Um dos primeiros degraus a desmoronar o casamento de Alberto com Teresa, tinha o nome Teresa.

    Teresa fitou Paulo nos olhos sabendo bem que ambos estavam a pensar o mesmo. Ainda lhe sugeriu o seu verdadeiro nome, embora abreviado, mas com a sua característica de superioridade a detalhes comezinhos, assentiu o nome proposto.

    Teresa! Teresa… assim ficara acordado, como nome para a heroína daquela epopeia.

    Narcísico. Homem que escondia as suas origens, Paulo era egoísta, egocêntrico, pouco tolerante, mas era um artista.
    Não era pessoa de relacionamento fácil. Selectivo, crítico agudo, falsamente modesto, não fugia de um momento que lhe permitisse tornar-se o alvo das atenções. A sua imagem era cuidada ao extremo. O seu sentido estético, refinado, fazia-o sobressair. Viajava muito, por profissão, e conhecia o que de bom, ou não, o mundo pode oferecer e o dinheiro pagar.

    Curiosamente, Paulo e Teresa relacionavam-se numa aparente perfeição, desde o primeiro instante em que se conheceram.

    Em comum, algo arrebatador que ambos pressentiam os atraía um para o outro. Uma paixão. As artes plásticas e outra...

    (segue)

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  • sexta-feira, outubro 08, 2004

    Crónica de Um Caso Vulgar

    I

    Passou a sentir-se espiada nos seus mais insignificantes movimentos, sempre que se encontrava na sua presença. Os seus risos, os seus gestos, os temas das suas conversas, todas as suas acções e reacções, eram passadas a pente fino.
    Aquele mês de Setembro estava a desenrolar-se de forma diferente. Ele, plácido, não deixava um só instante de a observar com insistência, aparentemente discreta, que por vezes era denunciada com o seu característico sorrisinho, turbulento, nos lábios, mãos enroscadas uma na outra, apoiando o queixo. Ela apercebia-se de que algo inédito se avizinhava. Nem por isso deixou de agir com a sua natural impulsividade e fulgor. O à vontade e confiança, eram robustos.

    “Está um tomate a apodrecer no frigorífico”, disse-lhe. O ritual daqueles pequenos-almoços servidos pela uma hora da tarde na varanda, ritual atribulado por norma, não lhe trazia grande proveito. À Teresa, incomodava o cheiro das anchovas ou sardinhas de escabeche, enlatadas, que ele comia em simultâneo com o café com leite e o pão torrado barrado de compota. Justificava-se, ele, da necessidade de ingerir proteínas animais, em quantidade suficiente, na sua primeira refeição do dia. Tretas…

    Teresa e António, quase sempre eram os primeiros a chegar à praia. Escolhiam o local mais isolado, com a enorme falésia nas suas costas, tão rentes ao mar quanto a maré o permitia. Espalhavam os guarda-sóis de forma a salvaguardar espaço para o grupo dos amigos que iria chegando por ordem inversa à dos mais dorminhocos. E lá apareciam todos eles, tarde dentro, alguns ainda ensonados. Esticavam na areia os seus corpos ao Sol quente e ainda pouco despertos tentavam relembrar detalhes da noitada anterior, manifestando cuidados, uns pelos outros, quanto ao estado de disposição de cada um no dia presente.


    Desde o primeiro instante, Teresa sentiu que aquele Setembro ia ser distinto e mais marcante do que todos os Setembros anteriores. E assim foi...

    (segue)

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    Mariazinha, quando é que avanças com um post à maneira? Beijinhos.

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  • quinta-feira, outubro 07, 2004

    Cinderela

    Pois é, minha cara. Andaste a passar os corredores (ups, é para dizer baixinho, não é?), até viraste o colchão do avesso, arrumaste a casa, limpaste a cozinha, lavaste a roupa e eu-sei-lá-mais-o-quê. A propósito, já pagaste a máquina de lavar com a roupa da vizinhança do prédio? Ou não te lembras do que disseste ao vendedor só para teres a máquina mais cedo? Eu não me esqueço de nada (outra vez o meu risinho para dentro, eh, eh, eh), minha querida cinderela da meia-noite e um quarto...

    PS: O blog continua a escrever sem censura. Aqui respira-se liberdade, palavra fria em muitos sítios mais mediáticos, apesar de o 25 de Abril ter sido há 30 anos. Mas qualquer dia, ainda vou levar com o rolo da massa. És meiguinha?

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  • quarta-feira, outubro 06, 2004

    Não é favor...

    ... é uma honra.
    Porque a arte não tem fronteiras.
    Porque as palavras não têm fronteiras.
    Porque as emoções não têm fronteiras.
    Porque... vão gostar, apreciar e louvar.

    CLIQUEM no link do post anterior e confessem-nos os vossos alvoroços...

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  • Uma prenda para clicar

    Meus amigos. Quem nos conhece sabe do que somos capazes. Não vendemos banha da cobra nem impingimos nada a ninguém. Mas sugerimos. Porque nos apetece sugerir - o que se pode fazer quando o blog chegou a este estado e vivemos uma loucura inexplicável? Aqui segue uma prenda para quem nos tem acompanhado e tem tido paciência para nos segurar as pontas. Para ler, reler e divulgar. A gerência agradece. É favor clicar aqui.

    Maria Oliveira e César

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  • terça-feira, outubro 05, 2004

    Mas que...

    ... pagode vem a ser este? Nem um...
    VIVA A REPÚBLICA?
    Eu, republicana dos quatro costados, com ancestrais de peso no feito que hoje se assinala.

    VIVA A REPÚBLICA!!!!

    URRA!

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  • Contra a resistência

    Ainda ontem, voltámos a mandar às urtigas a prova de resistência. Cãibra para aqui, sinal para acolá; risinhos para aqui, palavras para acolá. A nossa «resistência» (entre aspas, note-se) foi contra a própria resistência. Confuso? Filosófico? Pouco importa. Minha querida, não há resistência que... resista. Caraças!

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  • Feriado

    Cinco de Outubro. É feriado. Provavelmente, está à espera de um grande post sobre a data que hoje se celebra ou então um escrito profundo sobre outra coisa qualquer. Engane-se. Assim sem meias palavras, o Remoinhos prepara-se para gozar o feriado. Como o cidadão comum. Ou não merecemos?

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  • segunda-feira, outubro 04, 2004

    Aviso à navegação

    Por motivos óbvios à vista bem desarmada, este blog está a fazer um serviço «private». Foi contratado para isso e não há nada a fazer. Apelámos à compreensão dos nossos leitores e garantimos que melhores tempos virão. A seriedade segue dentro de dias, só não sabemos quando...

    PS: Qualquer reclamação é favor mandar um mail para a administração do condomínio. Endereço do correio algures à direita...

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  • domingo, outubro 03, 2004

    Ponto final na resistência

    Pois é. Veio a primeira cãibra. Mas acho que isto é uma doença. À tua primeira cãibra veio a minha primeira cãibra e a nossa prova de resistência foi-se à vida no primeiro dia. Nem foi preciso beber água para aguentar a prova até ao fim. Estava eu preparado para um tremendo suadouro, quando tiraste mais um coelhinho da cartola. Confesso que não estava à espera. Mas soube bem melhor do que um raminho de salsa, ai não que não soube!

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  • sábado, outubro 02, 2004

    Dóoooonnaaaa Róoooossaaaaa!!!

    Sim, sim, oh Dóoooonnaaaa Róoooossaaaaa!!! Dóoooonnaaaa Róoooossaaaaa!!! Ponto e vírgula. Ou parêntesis. Primeiro dia da prova de resistência e o rapaz aguenta-se como um bravo. Sem cãibras, ouviu bem? Sem cãibras. Oh mulheri, mas estou desesperadinho por um raminho de salsa...

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  • sexta-feira, outubro 01, 2004

    Prova de resistência

    Mais um coelho da cartola. Minha querida, resta-me dizer... «até à primeira cãibra» (com os meus risinhos para dentro). Eh, eh, eh.

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