sexta-feira, dezembro 24, 2004

NATAL

A todos os nossos amigos e visitantes, deixo este docinho de Natal, recheado de gratidão e de carinho.

FALAVAM-ME DE AMOR

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.


Natália Correia

***

BOAS FESTAS

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  • segunda-feira, dezembro 20, 2004

    Natal?

    Não sei porquê, mas este Natal não me sabe a Natal. Houve anos em que sentia aquela aproximação tão shekespeariana (a palavra saiu-me agora dos dedos) da quadra. Uma espécie de calor e de ansiedade tão própria de cada momento: os dias a correrem lentamente até esbarrarem naquele dia. Naquele grande dia em que os nossos sonhos são mais coloridos do que todos os outros. Não sinto o frio dos outros anos, uma espécie de aragem branca vinda do céu, um cheiro a Inverno a atravessar o ar ou as ruas a transbordar de gente onde se ouve uma música de sininhos e de fadas.

    Este Natal não me sabe como os outros. E ponto final. As interrogações podem ser muitas, mas as dúvidas terminam neste preciso instante: a vida corre-me bem, há saúde, a família respira o bem-estar de sempre. Pronto, mas não sinto este Natal, não sinto estas cinco letras «N-a-t-a-l» ou estas duas sílabas «Na-tal» como sentia antigamente. A palavra já pouco me diz. Nem o pinheiro de luzinhas a piscar e carregadinho de bolas de todas as cores desperta a minha antiga paixão pela quadra. Posso ter perdido parte da sensibilidade humana, mas não se trata disso. Sinto que o mundo é como um carro cada vez mais rápido. Os dias atropelam-se uns aos outros, correm como formigas nos carreiros e isso desgasta a vida. Desgasta o tempo. Desgasta as festas. Mas desperta-me a memória.

    Estou a fazer um esforço tremendo para evitar aquelas coisas óbvias, mas os valores estão de tal forma alternados que condicionam a minha forma de encarar a quadra. Os jantares multiplicam-se e os convívios são quase que marcados à pressão. Parece que nesta altura tem de haver um jantar, tem de se marcar um convívio sob a pena de não ser Natal. Porque o pretexto do Natal serve para tudo. Para os tais jantares que não são mais do que mantos disfarçados de intenções. Sinto isso a cada ano que passa, a cada jantar que acontece esta semana. Mas isso não explica tudo. O pior motivo de todos: sinto que a criança que vive dentro de mim já não dá o mesmo valor aos presentinhos e isso é um choque tão bruto como alguém dizer a um petiz «o Pai Natal não existe...»

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  • sexta-feira, dezembro 17, 2004

    Chocado

    Um concorrente no «Quem quer ser milionário» acaba de dizer que «Húmus» e «Os Pescadores» são duas obras de Eça de Queirós. Não tenho as mãos agarradas à televisão, mas apanhei um valente choque. O pobre do rapaz tem os livros desarrumados no armário, de certeza absoluta...

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  • quarta-feira, dezembro 08, 2004

    Parece-me...

    ... que o nosso Remoinhos vai ficar um tanto parado até ao fim de Dezembro. Pela minha parte, parece-me isso, mas... como sou a primeira pessoa a surpreender-se a si própria, nunca se sabe...

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