terça-feira, outubro 24, 2006

Mulheres na Literatura





FINGIMENTOS POÉTICOS

"finge tão completamente"

Faz-me falta a tristeza
para o verso:
falta feroz de amante,
ausência provocando dor maior.

Tristeza genuína, original,
a rebentar entranhas e navios
sem mar.
Tristeza redundando em mais
tristeza, desaguando em métrica
de cor.

Recorro-me a jornal, mas é
em vão. A livros russos (largos
e sombrios).
Em provocado rio de depressão,
nem zepellin: balão
a ervas rente.

Um arrastão sonhando-se
navio.

Só se for o que diz o que
deveras sente.
A sério: o Zepellin.
Mas coração:
combóio cuja corda
se partiu.


Ana Luísa Amaral

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  • sexta-feira, outubro 13, 2006

    Mortis causa - Ruy Belo





    Mortis causa

    Mulher de gestos dia a dia mais pequenos,
    fosses tu qualquer coisa, uma cadeira ao menos
    houvesse para ti sempre lugar em tua casa
    e não ires um dia assim convencional serena
    como papel ou lixo pela escada abaixo

    Mulher espremida enquanto deste vida
    e resumida à pequenina luz que se liberta
    do gesto estritamente necessário linha recta
    para anular o espaço entre a mão e a coisa
    movimentos dos dias divergentes de outros dias
    E tudo vai moendo e remoendo momento a momento
    triturando colhendo arrepanhando
    face ficta fraca e fIXa
    a fruta em frente fita, frígida fremente


    Ruy Belo

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