quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Viver de novo

Há muito que não entrava ali, mas sempre que lá vou há um misto de saudade e de nostalgia como se passasse muito tempo desde o meu último dia. Um homem entra numa casa que conhecia tão bem como a ponta dos dedos e vê que tudo mudou, que alguém mudou a disposição física das coisas com a facilidade de quem altera um penteado. Sente-se que tudo aquilo já não é nosso e tudo o que aquilo era só existe dentro de nós, na nossa memória. Isso sim, ficará para todo o sempre imune a qualquer mudança. É nosso. São recordações nossas. Mas há um desejo enorme de tudo aquilo voltar a ser nosso como sempre foi, há um desejo enorme de voltar a pisar aquele chão, sentir aquele cheiro, olhar em volta e ver que a vista só pára na próxima parede. Há sítios enormes que vivem dentro de nós. Aquele é um deles.

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