quinta-feira, junho 17, 2004

Poesia Latina

A flor do ar

Eu a encontrei por meu destino,
de pé a metade da pradaria,
governadora do que passe,
do que lhe fale e que a veja.

E ela me disse: "Sobe ao monte".
Eu nunca deixo a pradaria,
e me cortas as flores brancas
como neves, duras e delicadas".

Subi à acida montanha,
busquei as flores onde alvejam,
entre as rochas existindo
meio dormidas e despertas.

Quando desci com minha carga,
a encontrei a metade da pradaria.
e fui cubrindo-a frenética
com uma torrente de açucenas

e sem olhar-se a brancura,
ela me disse: "Tu carregas
agora só flores vermelhas.
Eu não posso passar a pradaria".

Subi as penas com o veado
e busquei flores de demência,
as que avermelham e parecem
que de vermelho vivam e morram


Gabriela Mistral
(Chile, 1889-1957)

[Tradução Maria Teresa Almeida Pina]

  • |
  • a href="http://www.haloscan.com/">Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com