sexta-feira, março 30, 2007

"Estirpe e Atavismo"

Vejo-me nu nas mãos dum Gulliver. Distantes,
como as memórias dum lusíada marujo,
as minhas farsas de ontem vão, num porão sujo,
na emigração comum dos que procuram o antes.


( No princípio era o Caos? Não creio ). E garatujo
cálculos de álgebra que nunca soube: Instantes
da minha mágoa relativa, asas errantes,
porões onde eu, entre barris com álcool, fujo.


Ultrapassei-me. O agora é fútil. Que me importa?
Nas mãos de Gulliver sou como espinha morta
já sem medula.
- Ó rouxinol de Bernardim,


responde antes que caias de entre a fronde:
“ Menina e moça me levaram...” - para onde?
( Há uma reminiscência, um luxo infame e um fim ).

Francisco Arcos

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