A beleza também fere: Ao ver a bela Brigitte Bardot, num filme chamado Vie Privée, datado de 1961, cheguei à seguinte conclusão: a beleza também fere. Não por causa dela, que foi uma mulher encantadoramente bela, cuja formosura e lindeza tinham um misto de encanto e de rebeldia. É aquilo a que se chama uma beleza natural. Refiro-me a outra beleza. Àquela que é estupidamente perfeita, desmesuradamente perfeita, em que as linhas do rosto parecem ser desenhadas a régua e a esquadro, e o olhar, os gestos, as roupas e até as palavras parecem premeditados até ao mais ínfimo pormenor. É uma beleza tão exemplar, tão rigorosa que chega a ferir. Sou incapaz de olhar, olhos nos olhos, para uma mulher assim. Regra geral, estas mulheres são sempre desinteressantes.
<< Home