domingo, novembro 02, 2003

«Todos contentes e eu também»:

Stravinsky e vinho branco

Pássaro de fogo,
pássaro de fogo, porque
me queimaste
com a ausência do teu voo?

Queria esquecer em ti
que só de morte
vivemos, abandonar-me
com terna ferocidade
à cinza do teu amor.

E diz-me agora se não são
desastrados os intentos
do coração, se outra coisa existe
para além da amarga vocação
da queda.

Vai, pássaro triste
ou modo de chama,
voa sem mim sobre o vazio
do mundo, mas não deixes nunca
que o olhar se detenha
nos dizimados campos da noite.


«Todos contentes e eu também»
Manuel de Freitas

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