segunda-feira, março 08, 2004

364 dias

Hoje, Dia Internacional da Mulher, abstenho-me de falar sobre a mulher. Falarei do bicho homem porque dele tenho fascínio. Falarei de ti, meu querido companheiro de sinuosa caminhada, que tanto me tens ensinado ao longo da minha vida. Falarei de todos os homens maravilhosos que conheci, ou não, e que gravo na minha memória. Falarei dos jovens homens de grande riqueza interior, como é o caso do meu partenaire deste blog. E a todos eles, a todos os homens sensíveis que sabem amar uma mulher, ofereço, hoje, uma delicada flor, acompanhada deste poema.

Mulher Remota

Esta mulher cabe em minhas mãos.
É branca e ruiva, e em minhas mãos
a levaria como uma cesta de magnólias.
Esta mulher cabe em meus olhos.
Envolvem-na os meus olhares
que nada vêem quando a envolvem.
Esta mulher cabe em meus desejos.
Desnuda está sob a anelante
labareda da minha vida
e o meu desejo queima-a como uma brasa.
Porém, mulher remota, minhas mãos,
meus olhos e meus desejos,
guardam inteira para ti a sua carícia,
porque só tu, mulher remota,
só tu cabes em meu coração.


[Pablo Neruda]

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