domingo, agosto 31, 2003

Sim, um surdo pode ouvir:... e um cego ver. É verdade. Não se trata de nenhum avanço tecnológico ou de uma técnica inovadora. Enquanto os dedos deslizavam pelo comando da televisão, encontrei algo que me fascinou desde o início: um programa colocava um surdo no centro das atenções através de uma entrevista bastante tentadora. Uma das questões fascinou-me. Que tipo de relação tem um surdo com a música? A resposta deixou-me perplexo. Uma simbiose fantástica. O entrevistado até explicou que chegou a frequentar discotecas na sua juventude para sentir as vibrações da música; para dançar como se ouvisse a melodia. Porque sentia-a. E um cego pode ver? Esta história também me chegou através de uma entrevista. Há um senhor que vai ver boa parte dos jogos do F.C. Porto no Estádio das Antas. É cego. Diz que vê o jogo à sua maneira, porque sente-o no espírito. Sente-o no corpo. Sente-o com todas as letras. E até sabe quando uma equipa joga mal ou bem.

PS. Cada vez mais chego à conclusão da importância do sentir nas nossas vidas. Quando se sente o mundo, todas as pessoas podem ser normais, mas também as pessoas «normais» (estas aspas são propositadas) se distinguem umas das outras pelo sentir. Acreditem, há pessoas saudáveis que não sentem nada. Não têm capacidade para isso.

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