quinta-feira, novembro 06, 2003

Outono, 4: O vendedor de castanhas, ao fundo da avenida, é sempre o mesmo: tem a cara suja de cinzas, usa um chapéu preto e tem uma mão funda como se tivesse vivido no campo a semear de sol a sol, a desbravar a terra com aquelas mãos já calejadas e sofridas. O fumo perde-se por entre a cidade e o abanador de palha é como o mundo. Anda de um lado para o outro, nunca pára, está em constante rodopio naquela rua carregada de bustos e de olhares. Sente-se no ar um cheiro a castanha assada, um odor quente ao final de tarde, como se fosse um som de uma música suave a bailar nos nossos ouvidos. O trânsito evaporou-se, o ruído de fundo desapareceu. Não há vozes. Só um cheiro a chuva, a frio e a saudade.

  • |
  • a href="http://www.haloscan.com/">Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com