quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Destruição em massa

Há muito que ando para escrever sobre isto, sobre a tendência do Homem em se autodestruir porque repulsa e rejeita tudo o que é diferente. É uma característica humana, abominar a diferença, a disparidade que existe entre duas culturas completamente opostas e muitas vezes envenenadas por questões religiosas. Entre muitos factores, o conflito no Médio Oriente explica-se pelo choque da diferença entre dois campos extremos, cuja passagem do tempo tem agudizado a tesão existente.

Grande parte dos conflitos armados mais recentes resulta da tal característica inata do ser humano em rejeitar o seu semelhante, precisamente pela tal dificuldade em engolir tudo o que é diferente. Em parte, foi o que aconteceu na II Guerra Mundial, em que o ódio de Hitler em relação aos judeus explica, em parte, a batalha europeia e está na base das maiores chacinas da história da humanidade. Mas este exemplo de nada serviu. Outros exemplos, aliás, de nada serviram há um bom par de séculos.

Estou em crer que se o Homem não se odiasse tanto a ele mesmo, hoje em dia estaríamos mais avançados do ponto de vista tecnológico. E não só. Porque o centro da questão está em aceitar uma cultura diferente. A primeira tendência é negar e rejeitar a outras culturas porque se estabelece sempre como elo de comparação o que é nosso e, por ser nosso, será sempre superior. Este foi um dos problemas do colonialismo no admirável mundo novo durante o período pós-descobrimentos.

É aqui onde quero chegar. Quando os espanhóis chegaram à América Central e à América do Sul destruíram por completo os valores de três povos: Maias, Incas e Azetecas. Em determinados aspectos, alguns deles tinham conhecimentos superiores aos europeus. Os Maias, por exemplo, tinham uma tendência inata para a escultura e para a engenharia, como comprovam as pirâmides, e possuíam o calendário mais evoluído dos povos antigos; os Incas e os Azetecas dominavam todas as questões ligadas à astronomia. Se a chacina não fosse feita, hoje estaríamos uns séculos à frente. E seríamos mais e melhores, porque, infelizmente, 70 milhões de indivíduos foram exterminados nesta brincadeira do eu-sou-melhor-do-que-tu.

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