Crónica de Espanha
Quase um mês depois da tragédia que sublinhou a cidade de Madrid a vermelho, Espanha vive em estado de alerta no rescaldo da acção mais sangrenta dos últimos anos. O atentado terrorista deixou as suas marcas, amedrontou o povo, varreu para longe o clima de paz e fez desplotar a desconfiança em cada olhar. Liga-se a televisão e os boletins informativos são o reflexo da tensão existente. Fotografias de possíveis suspeitos rasgam o ecrã, resultados de investigações policiais prendem o olhar, informações sobre os possíveis implicados preenchem os cenários mais pessimistas. A abertura dos telejornais não foge disto.
O 11 de Março ou o «11M», como se diz em Espanha, é uma ferida que ainda não estancou. O sangue que derrama no olhar de cada um não passa despercebido a ninguém. As ruas também são o efeito mais imediato do terror da capital, onde as forças de segurança estão atentas a todas as concentrações de massas e tentam filtrar alvos suspeitos. Carros à porta de recintos públicos, em dias de enchentes, são inspeccionados, pessoas identificadas, enfim, o drama da ETA é agora bem mais abrangente, um fenómeno lacto, com contornos muito exagerados. Surpreendeu-me. O fenómeno surpreendeu-me e chateia-me que os verdadeiros implicados dificilmente serão encontrados. É a sina do terrorismo pós-moderno.
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