sexta-feira, maio 07, 2004

...

MADRUGADA

Há que deixar no mundo as ervas e a tristeza,
e ao lume de águas o rancor da vida.
Levar connosco mortos o desejo
e o senso de existir que penetrando
além dos lodos sob as águas fundas
hão-de ser verdes como a velha esperança
nos prados de amargura já floridos.

Deixar no mundo as árvores erguidas,
e da tremente carne as vãs cavernas
aos outros destinados e às montanhas
que a neve cobrirá de álgida ausência.
Levar connosco os ossos que resistem
não sabemos o quê da paz tranquila.

E ao lume de águas o rancor da vida.


Jorge de Sena

  • |
  • a href="http://www.haloscan.com/">Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com