O nosso silêncio
Sinto a tua pele macia na ponta dos meus dedos e mergulho nos teus gestos perdidos. Falas em silêncio. Ris em silêncio. Segredas em silêncio. Há silêncio na tua voz de amanhecer como nos tempos em que nos perdíamos em risos tão próximos. Perco-me em ti, começo em ti e termino em ti. Vejo-me em ti. Nas palavras que me dizes, nos quadros azuis que traças com a sensibilidade do teu pincel. E noto que há sempre um rosto diferente para cada ocasião, um toque mais forte do que o outro, um piscar de olhos mais rápido do que o anterior. Estás em mudança. Mudas. Não páras. Há vida em cada repousar das tuas noites. Há chama. Há madrugada. Há doçura nas nossas bocas de amantes perdidos. Há mudança. Tu mudas. A voz, o corpo, o rosto, os olhos, as sobrancelhas, os cabelos. O teu silêncio...
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