terça-feira, setembro 09, 2003

11 de Setembro, 2: As ruas vão ficando mais estreitas, os pés mais pesados e o barulho dos automóveis parece mais distante. A fome aperta enquanto algumas gotas de suor começam a cair pelo rosto depois de uma longa caminhada. O edifício de tijolo inglês esconde um restaurante de portas castanhas e de vidros pequenos. Está cheio. O barulho é infernal: conversa-se em voz alta, devoram-se saladas como quem bebe uma enorme caneca de cerveja e abatem-se bifes grossos e de molhos esquisitos num simples pestanejar de olhos. O ritmo é intenso. Os que têm o estômago vazio e comem como alarves; os que andam de um lado para o outro a servir os clientes; os que falam sem demora como se estivessem a fazer um longo discurso político. Depois há os que observam, num canto da sala, toda esta mecânica inglesa de matar a fome. Eu e alguns observávamos tudo em silêncio. Como sempre, aliás.

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