domingo, novembro 23, 2003

O peso dos «mundos»: Olhamos em redor e nem nos damos conta do peso dos «mundos» vizinhos ao nosso.
Se observarmos com atenção os olhos das pessoas com quem falamos, não é nada difícil ler as entrelinhas da voz de cada olhar.
Apercebi-me, ainda há pouco, exactamente disso.
Já na última vez que tinha falado com a Angelina, as suas breves palavras deixaram a pairar no ar uma doce-amarga sensação de desamparo que o meu inconsciente registou.
Há pouco, quando a fui saudar, o mesmo olhar perdido ela me estendeu e num repente a minha mente adivinhou a situação dessa doce criatura. Sem nada lhe perguntar, disse: - Já falta pouco, Angelina. O dia 17 vai chegar num instante. Não quero ver esse entristecimento no seu olhar.
Foi quanto bastou, esta minha frase, para que a Angelina me desfiasse o rosário do seu mundo. Mundo pesado o dela, senti. Com palavras de forte convicção e alento, atenuei, por segundos, a carga que aquela mulher - vazia de afectos recebidos mas não desconhecendo o valor deles - carrega nos seus ombros.
Um ditado popular, diz: “Dá Deus o frio conforme a roupa”. Concluo: Ando sempre vestida com roupa de verão.

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