Pragas (culpa nossa): A praga dos arrumadores de automóveis que assola as grandes cidades, em parte, é da responsabilidade do cidadão comum. Somos nós que contribuímos para que a coacção reine quando estacionamos o carro em determinado sítio e temos o homem das barbas, de roupa esfarrapada e de cara de poucos amigos à porta do automóvel. A questão não se resume só ao acto de dar a moeda, é bem mais vasta do que isso. O problema está na nossa comodidade. Somos incapazes, muitas vezes, de optar pelo autocarro quando vamos ao centro da cidade. Não queremos, não gostamos. Porque está a chover. Por muitas razões. Não conheço nenhuma cidade lá fora onde os arrumadores manietem os automobilistas como aqui, simplesmente porque não há arrumadores como aqui. Mesmo que um jovem promissor quisesse fazer carreira na profissão, estaria votado ao fracasso. Há um grande motivo para que assim seja. O culto de viajar nos transportes públicos está de tal forma enraizado que a confusão no trânsito, por exemplo, é coisa que não existe em Londres. Desde o executivo à empregada da limpeza, o metro continua a ser o maior escape de todas as necessidades que obriguem uma viagem até ao centro da cidade. Isto leva a um outro hábito que não existe no nosso país. As viagens no metro são preenchidas da melhor forma possível. De livro na mão. De jornal à frente dos olhos. Coisa que não valorizamos por estes lados.
sexta-feira, janeiro 16, 2004
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