Para reflectir...
Esta resposta de José Saramago, em entrevista ao Correio da Manhã, leva-nos a reflectir sobre a morte dos valores pós-25 de Abril. Quando estamos perto de comemorar os 30 anos da revolução dos cravos. Vale a pena ler:
– Comemoramos, este ano, os trinta anos do 25 de Abril. Vai celebrar?
– Não, não Nada ficou do 25 de Abril. Seria capaz de festejar se reconhecesse em cada 25 de Abril alguma coisa do outro 25 de Abril. Podia não ser a construção do socialismo. Podia ser sempre a esperança, esta ideia de que estamos a fazer alguma coisa, acreditamos em alguma coisa, temos um projecto de futuro, mas não, temos nada, rigorosamente nada. O 25 de Abril já se tornou quase no 5 de Outubro da romagem ao cemitério. Dizem-me que ficou a democracia, que não há reforma agrária, que não há privatização da banca, que é isto a democracia, mas que democracia? Esta democracia é igual à de qualquer outro país democrático que não teve 25 de Abril. É desagradável ter de lhe dizer isto, não é simpático e, sim, doloroso. Muito doloroso!
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