terça-feira, abril 27, 2004

Os que as escolas deviam ensinar

É vulgar dizer-se que o ensino português precisa de uma grande remodelação e devia respirar modernismo em função dos tempos que correm. É normal falar-se na já desgastante disciplina de educação sexual ou, então, em cadeiras que permitam ao aluno um contacto maior com o mundo virtual e para que fique a saber que o computador e a Internet podem ser duas poderosas ferramentas de trabalho. Também é da praxe dizer-se que os alunos não gostam de matemática e seria importante encontrar novas técnicas de ensino para cativar os mais jovens na difícil ciência dos números. Mas há algo de muito importante que as escolas deviam ensinar e nunca ensinam. É uma das maiores lacunas do ensino em Portugal: preparar os jovens para o mercado de trabalho. Ou seja, as disciplinas deviam ter mais conteúdo prático e menos carga teórica. Deviam ser mais fiéis à realidade que se esconde no nosso dia-a-dia. Já passei por isso. Os jovens que terminam a faculdade também passam por isso. Saem fresquinhos das universidades, cientes que o canudo que trazem na mão é o suficiente para liderar o mundo, mas depois quando deixam os tapetes vermelhos e o mundo cor-de-rosa que é a vida de estudante sentem o impacto da realidade. Não estão preparados. Ninguém está preparado. As âncoras nas universidades deviam ser o «fazer» (é assim que se deve fazer) e nunca o «pensar» (é assim que se deve pensar), porque entre uma coisa e outra há uma grande distância.

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