segunda-feira, agosto 09, 2004

Engenhos explosivos

Ainda bem que a temperatura desceu e o fogo amansou, caso contrário o país continuaria mergulhado num inferno de Norte a Sul. Na semana passada, viajei até ao campo e verifiquei como estão degradadas as nossas florestas, onde abunda lixo e outras substâncias altamente inflamáveis, que colocam em causa a saúde do meio ambiente.

Há anos, quando percorria a mesma estrada, o verde das árvores era bem mais verde do que se verifica hoje em dia e a paisagem era mesmo uma mistura de verde com verde, enquanto, agora, é perceptível o castanho ou o cinzento de metros e metros de vegetação consumida pelas chamas. É como se fosse uma ferida a espreitar o horizonte ou um buraco negro a denunciar a morte em cada esquina.

Nesta minha viagem ao campo, conversei com um popular que me explicou que as matas eram sítios bem mais limpos do que são hoje. As pessoas preocupavam-se em varrer as matérias consideradas inflamáveis e mesmo as giestas secas eram removidas para evitar a propagação mais rápida das chamas em caso de incêndio. Agora, não é o caso. Ou por falta de tempo ou por outros motivos que a própria razão desconhece.

Mais espantado fiquei quando o mesmo sujeito me relatou um episódio de fogo posto. Um engenho com fósforos, cigarros e álcool foi descoberto numa floresta vizinha que na semana anterior tinha sido devorada pelas labaredas. Foram os populares que encontraram o tal objecto, mas desconhece-se se as autoridades estão a investigar o caso. É grave. Como também são graves as histórias de madeireiros que provocam incêndios para o preço da madeira ser mais barato; como também é grave a falta de cuidado nas matas; como ainda é mais grave a loucura capaz de levar alguém a provocar um incêndio só pelo triste princípio do espectáculo.

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