quinta-feira, setembro 11, 2003

11 de Setembro, 7: As imagens repetiam-se na televisão como um sonho mau a perseguir-nos na cama por entre uma luta de lençóis. Uma atrás da outra, o avião a chocar numa das torres, o outro avião a seguir o trilho do primeiro. Até que saí do restaurante. Por iniciativa própria. Porque precisava de saber mais, um pouco mais daquele filme a preto-e-branco e de final triste. As imagens já não satisfaziam a minha curiosidade, só me arrepiavam. Precisava que me dessem mais informações. Primeiro instinto: o olhar. As ruas estão desertas, não se vê vivalma, não há um único carro a circular e os sinais luminosos apenas enfeitam as artérias vazias. Nada mais do que isso. Ninguém desafia a lei da rua, ninguém sai de casa, estão todos recolhidos - Liverpool transformou-se numa cidade fantasma como nos filmes de cowboys americanos. Segundo instinto: o telefone. Tento uma, duas, três vezes. Não se consegue fazer uma única chamada. Ouvem-se impulsos nervosos, contínuos, do outro lado. Nada feito. As linhas estão sobrecarregadas. São muitos os ouvidos, como os meus, curiosos e sedentos. O que se está a passar no mundo?

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