Boca de lacaio: Hoje estou com boca de lacaio!
Tal como nos velhos tempos senhoriais os lacaios sentiam a falta de um doce, a que nunca tinham direito no final das suas parcas refeições, vendo os seus amos lambuzarem-se com inúmeras e deliciosas sobremesas que eles, os lacaios, apenas comiam, à distância, com um fugaz olhar, crescendo-lhes a água na boca, hoje, tenho a sensação daquela falta de um docinho, especial, que não sei onde se fabrica nem exactamente qual é. Ou saberei...?
Todos sabem do que falo.
Talvez este primeiro dia de chuva já um tanto invernosa que nos força a distanciar dos dias longos de luz e calor de um Verão que foi, este ano, particularmente extenso (como eu gosto do Verão...), e a proximidade, inevitável, dos dias mais curtos e fechados de Sol que, confesso, nada me alegram a alma, me amargue um nadinha a boca.
Não deixo aqui um amargo de boca, longe disso; deixo-vos, isso sim, a imagem que vejo da minha janela, de um céu raiado de espessas e realçadas nuvens, contrastantes nas mais diversas tonalidades de cinza, muito expressivas, com uma enorme e própria beleza, que respondem ao meu olhar, dizendo: a força da Natureza é incomensurável nas suas mutações.
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