segunda-feira, setembro 29, 2003

A natural crueldade das crianças: Este curto episódio, real, dá-me imensa vontade de rir por ter conhecido os protagonistas que nele participaram, imaginando eu, facilmente, a cena ao vivo. Falo de um pai e uma tia, ou dois irmãos; um rapaz e uma rapariga, ela mais velha do que ele, rondando as idades entre os 6 e os 9 anos, julgo.
Imaginem dois manos, ele bem traquina, ela mais sossegada mas nada difícil de se deixar contagiar, que tinham como animal de estimação um cão rafeiro mas vistoso; o melhor parceiro para as suas brincadeiras mais estouvadas.
É mesmo maldadinha o que vem a seguir mas não mereço punição por isso, certo?!
Drak, nome do rafeiro, cão pouco afortunado nas mãos destas duas ditosas criancinhas, era alvo de sevícias como esta: cheirando chouriço de carne, do bom, o Drak, com um cartucho de papel pardo enfiado na cabeça até ao pescoço, olhos vedados e apenas dois buracos no cartucho que permitissem o olfacto e a degustação (ó que degustação...), comia sucessivos bocados de pão seco, cheirando em simultâneo o chouricinho. Só quando o pobre Drak se mostrava completamente embuchado por tanto pão e "cheiro", as inocentes criancinhas, sufocadas de riso, paravam de lhe enfiar pão pela boca abaixo. Drak resistiu sempre. Salve-nos isso.
Relembrar, ainda, o evidente remorso com que os autores, já bem adultos, narravam esta brincadeira, apesar de tudo entre sorrisos, e lembrando-me, também, de umas outras crianças, ainda aparentadas (...!), que se entretinham a apanhar moscas tirando-lhes as asas e gozando o efeito dos seus pulinhos rastejantes, interrogo-me sobre o porquê da natural crueldade das crianças.

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