sexta-feira, setembro 12, 2003

11 de Setembro, 10: A partir de agora, há uma ideia que me começa a invadir a mente como a poeira a cobrir os móveis: tenho de fazer uma viagem de avião naquela mesma noite. Não me agrada. Penso em tudo, coloco-me do outro lado do muro, reflicto e imagino. Não me agrada. Depois das imagens cruéis passarem na televisão, a última coisa que um ser humano pode desejar é ver-se dentro de um avião naquele dia, ter a certeza que vai cruzar os céus e não ter a certeza de mais nada. Porque desconfia-se do que pode acontecer no minuto imediatamente a seguir ao anterior. Torço para que a viagem seja adiada, para que o espaço aéreo europeu seja encerrado, mas cresce em mim um desejo contínuo de regressar a casa. De ver os meus. De sentir o meu espaço, as minhas paredes, o meu quarto, os lençóis da minha cama. É como estar numa encruzilhada e não saber que caminho escolher.

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