11 de Setembro, 15: Há um silêncio arrepiante dentro da cabine do avião, uma espécie de voz seca, sem voz, uma espécie de palavra muda, sem palavra. O aparelho está cheio. Todos, sem excepção, olhámos atentamente para a hospedeira à medida que os seus longos braços explicam as regras de segurança em caso de acidente. Lutámos contra o cansaço, lutámos contra nós próprios e a viagem entre Liverpool e a cidade do Porto é feita num misto de expectativa e de medo. Houve momentos em que a turbulência do avião era um sopro interior, uma aragem fria e arrepiante nos nossos corações; houve momentos em que imaginámos a dor e o pânico de quem está ali dentro e sabe que o seu último destino é uma torre envidraçada, que o seu último destino é a própria morte. Aquele foi um dos piores momentos de todos os momentos da minha vida. Só terminou quando aterrámos.
FIM
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