Não sei o que pode ser: Às vezes, atravessa-me uma nostalgia como quem está sentado num banco de jardim a recordar o que viveu. Mas o meu processo é bem diferente. Quando passo por locais que viveram de perto comigo, o ritual repete-se sempre, assim, como não quer a coisa. A minha nostalgia é estranha: não penso, automaticamente, naquilo que vivi, naquilo que ali passei, naquilo que me foi oferecido, o que me vem à cabeça é o que mudou. Que tem mudado tudo ao longo dos anos. Que as folhas caem, que as paredes estão mais sujas, que os vidros conseguem ser ainda mais foscos, que o chão parece mais gasto. Olho para tudo aquilo e sinto que tudo aquilo, de repente, perdeu toda a sua identidade e já nada me diz. Isso assusta-me tanto.
domingo, setembro 21, 2003
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